COLORIR A MÚSICA
o micro som
Ligaduras ligam os sons, unem os sons uns aos outros, mas também informam a sonoridade a ser feita.
Tudo dependerá da melodia e da harmonia, por isso é fundamental analisar a obra que vamos tocar.
Basicamente temos ligaduras de 2, 3 e 4 sons.
Basicamente o primeiro som será mais forte que o segundo.
Há situações que a harmonia ou a melodia pede o inverso
ou o próprio compositor assinala como ele quer.
O tempo do segundo som deve ser roubado, ou seja,
se semínima, virará colcheia pois para o próximo som eu não posso ligar,
deverá haver uma pequena pausa (que o intérprete imaginará, pois não virá escrito, deve-se subentender).
Temos 4 possibilidades de chaves sonoras.
Tudo dependerá do movimento melódico e harmônico.
A possibilidade ainda é maior e lembrando
que a harmonia e a melodia influenciará na escolha.
São longas ligaduras, que, através da análise
podemos determinar como fazer a sonoridade.
A regra básica é entrar e sair da frase levemente.
Mas com um controle sonoro em cada dedo,
PODENDO FICAR…
O Pequeno Pastor de C. Debussy
Faz uma introdução só para a mão direita que se faz jus ao nome da peça.
Debussy apenas marcou o plano sonoro – p – .
Mas a melodia é composta de 2 escalas descendentes de 4 sons,
um salto de oitava e mais 1 escala descendente de 4 sons.
A cabeça dos compassos inicia com um repouso em nota longa.
Ponto importante na análise pois um som longo no piano,
dependendo da região, sofrerá uma caída do som após o ataque.
As duas notas Sol# de cada compasso deverão sofrer um leve apoio
para que o som possa cair e chegar até a nota seguinte.
Uma melodia ascendente não terá o mesmo efeito que uma melodia descendente.
Provavelmente na ascendente iremos crescer e na descendente decrescer naturalmente.
Dentro de uma frase existem as notas de “pico“,
a nota mais elevada, que neste caso é a nota SI.
Então a melodia debussyana ficaria assim na cabeça do intérprete:
(dinâmica sutil – micro dinâmica)
Aplicando Regras
Estudo de arpejo e escala do compositor que escreveu ótimos exercícios para qualquer grau de dificuldade.
Plano sonoro – p – . A ligadura de 3 sons com crescendo para um apoio na longa do compasso 2.
Crescendo em notas repetidas para apoiar a Dominante do tom e
nova ligadura de 3 sons crescendo para apoio da longa no compasso seguinte que ainda é a Dominante.
A esquerda faz um diminuendo em notas repetidas para relaxamento na Tônica.
Novamente dois compassos com a mão direita em 3 sons ligados
com crescendo para atingir a Dominante onde o compositor pede mudança de plano sonoro – mf -.
A escala final da mão direita faz os crescendos e diminuendos
obedecendo a altura dos sons. (grave/agudo) para voltar ao – p -.
Invenção à Duas Vozes Nº 4
Seja melódico ou técnico (escala – arpejo) a intensidade (volume) também irá variar com o movimento
e essa variação também tem a ver com o movimento harmônico.
Mais uma vez, a análise é ferramenta fundamental.
As Invenções de Bach são um prato cheio,
não só na intensidade mas principalmente na articulação.
Nesta invenção, Bach constrói o Tema com duas escalas – ascendente e descendente – com um salto entre elas.
A dinâmica segue a mesma linha com um crescendo para a Dominante
e decrescendo para o repouso da Tônica.
Na pauta de baixo o Tema será reprisado 3 vezes seguindo a mesma dinâmica,
porém, como as progressões estão descendo, a 1ª poderá ser a mais tensa,
a 2ª menos tensa e a 3ª mais leve ainda.
Repare, como foi dito, que a Dominante poderá ser
um acorde tenso ou não, dependendo da frase.
A 3ª progressão está sobre o acorde de Dó M (Dominante individual)
que está fazendo a função de preparar o acorde seguinte – Fá – e obedecendo a frase bachiana
esta passagem poderá ser mais leve.
Na mão esquerda só coloquei os baixos referente à harmonia,
imagine então o “pepino” ao tocar as duas juntas
pois a mão esquerda entrará 2 compassos atrasada.
Além da independência de movimento entre as mãos, teremos que ter também
independência na intensidade, por isso Bach é bem complicado na execução.
Sobre as Articulações
A ARTICULAÇÃO É A LÍNGUA DO COMPOSITOR.
COMO ELE ARTICULA A SUA FRASE.
COMO ELE FALA A FRASE.
Se você não observar as articulações, os movimentos que você deverá treinar numa frase,
você não estará interpretando o compositor mas sim VOCÊ!!!
O compositor diz: “Seu olhar me deixou apaixonado!”
E você diz: “Seu nariz é estonteante!”
Observe atentamente as articulações para não cometer gafes!!! (kkk)
Temos três articulações ou toques básicos:
Ligado | Não Ligado | Stacatto
No toque ligado não há interrupção do som entre uma tecla e a próxima.
No não ligado você tem que deixar a tecla subir e após apertar a próxima,
causando uma minúscula pausa entre um som e outro.
Na articulação stacatto o toque deve ser seco,
como se ‘beliscasse’ a tecla imaginando o violão.
PERCEBA
As articulações têm muito a ver com a velocidade da obra.
Robert Schumann na peça “Ecos do Teatro” do Álbum para Juventude
pede para ser “Bem ágil” e não escreveu nenhum stacatto,
porém pela velocidade o toque sairá stacatto, com exceção da ligadura nas notas marcadas.
ORIGINAL
SEM ARTICULAÇÃO
BEM LENTO
R E L A X
Gravação de um trecho no piano digital Roland usando o efeito Hoo-Haa
Marlos Nobre . Frevo